
O café-restaurante Martinho da Arcada foi inaugurado no mesmo ano do falecimento de Marquês de Pombal, em 1782 como Café da Neve e vendeu o mais famoso sorvete da sua época. Depois de ver muitos proprietários diferentes, foi vendido em 1829 a Martinho Bartolomeu Rodrigues, sob cujo nome é conhecido desde então. Muitas personalidades destacadas da vida intelectual de Portugal visitaram-no regularmente. Mas foi sem dúvida influenciada pela figura do grande e esmagador poeta Fernando Pessoa (1888-1935), que aqui escreveu a sua “Mensagem”, o único dos seus livros publicados durante a sua vida. A mesa em que Pessoa costumava sentar-se parece ainda hoje estar à sua espera. Nas paredes, reproduções de algumas fotos mostram momentos da vida do poeta em Lisboa nos anos 30. Outra mesa “reservada” é a do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago.

Em nossa visita a Lisboa e vivenciando o reveillon de 2018, podemos garantir o seu bom atendimento, suas especialidades de muito bom gosto e nos sentimos em casa e lógicamente naqueles dias de certa elegância!

Como sou uma apaixonada pelos cafés da Europa, aguçou-me a curiosidade em saber como o responsável por este estabelecimento, começou a sua história por aqui e descobri um homem apaixonada pelo Brasil e que começou sua carreira ainda muito jovem no Rio de Janeiro.

Antonio Barbosa de Souza nasceu no Minho, de família humilde mas de valores, foi jovem para o Brasil, em junho de 1964, mais ou menos com 18 anos para trabalhar como operário. O Brasil em época de golpe militar e Portugal com ditadura.
Com 20 anos, assistiu no Maracanã os gols de Pelé. Depois de 10 anos volta a Portugal e conhece aquela que será sua futura esposa, e volta ao Brasil.
Constitui uma familia e no Rio de Janeiro passa a ser sócio de uma Panificadora e cresce financeiramente. Lá nasce seu primeiro filho Antonio, que hoje é seu sócio no Restaurante e Café Martinho da Arcada.
Adorava morar no Brasil, até que em 1976/77 teve que voltar, já quando sua esposa estava grávida de seu segundo filho(a), devido a um assalto quando estava fechando o estabelecimento, levando uma facada na altura da garganta, que quase o levou a morte.
A família chocada e traumatizada, apesar de gostar muito do cheirinho da floresta da Tijuca, volta a Portugal definitivamente.
Trabalhou em vário estabelecimentos, e em 1989/90 chega a este Restaurante, que já era famoso pela frequência de uma eleite intelectual como Fernando Pessoa, Manuel de Oliveira, José Saramago e muitos brasileiros como Cristóvão Buarque, artistas Ivan Lins, Fafá de Belém etc. e também já frequentado por revolucionário na época da Monarquia.

Hoje já há 30 anos a frente de Martinho da Arcada, juntamente com seu filho Antonio, continua a luta, mas diz que chegou aqui, com um pedaço do Brasil em seu coração, já que também seus antepassados trabalharam em 1900 no Nordeste e em outros lugares.
Afirma que os brasileiros, que estão chegando aqui no momento, eficientes e trabalhadores, encontram o seu lugar ao Sol português.
O café Martinho tem uma importância notável na vida Cultural e Social de Lisboa e sente-se esta energia nas paredes e no ambiente deste local.

Jornalista: Arlete Kaufmann




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